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27 de fev. de 2014

Capítulo 4


Aneeliese ainda fitava Elliot com uma mescla de estupefação e incredulidade, mas, alguns segundos depois, o mesmo se virou para os destroços da janela destruída durante a batalha, e seu semblante se mostrou aflito.

– Thor está a caminho, mas não sei se irá suportar a viagem. Traga a cama até aqui, por favor.
– Ele indicou um lugar às costas de si mesmo com o polegar acima do ombro, e, com o auxílio de um Feitiço de Levitação, levou-a ao local indicado. Thor apareceu deitado e desesperadamente ferido, semi-inconsciente na cama. Sua varinha lhe escapou da mão e caiu ao chão, soltando faíscas e queimando o soalho do quarto, sussurrou um débil “Aneeliese” antes de desfalecer. Horrorizada, Aneeliese se sentou ao lado dele, acariciando seu rosto.
– Ele vai ficar bem, não vai? – Ela ergueu os olhos para o novo aliado, tentando compreender a realidade de Thor, um homem que ela jamais imaginaria ser ferido, quase morto em sua cama. Lhe comoveu, de fato, a escolha de querer chegar perto dela mais uma vez, mas será que seria para uma despedida?. Elliot, por sua vez, permaneceu calado por um instante antes de se virar para o amigo e a mulher que acabara de ajudar e, inesperadamente, sorriu.
Thor é mais forte que imaginamos. Se ele conseguiu viajar vários países nesse estado, poderá se recuperar. Mas terei de me ausentar por algumas horas. Preciso buscar os ingredientes para a poção que ele necessita para ficar bem. Até lá, use isto – disse ele atirando um livro de bolso encapado manualmente em couro de dragão com o título gravado à fogo “Métodos de Cura por Magia – Um Guia Clássico – De Helga Hufflepuff.”

Aneeliese folheou febrilmente o livro até encontrar um capítulo intitulado “Feitiços e Rituais de cura imediata”. Nele encontrou um feitiço que, em seu pensamento, ajudaria Thor a ficar melhor, mas ela nunca ouvira falar no mesmo. Ficou sem saber o que fazer, apenas folheando o livro, até encontrar um feitiço que lhe parecera útil, pois, segundo o livro, tinha a finalidade de recobrar a consciência da pessoa atingida.

– Rennervate! – ordenou, sem sucesso.

Elliot reapareceu alguns minutos depois com alguns frascos com poções e pós de variadas cores que colocou no chão ao mesmo tempo em que conjurava um caldeirão à frente da cama onde repousava Thor e onde Aneeliese ainda tentava sem sucesso utilizar o Feitiço de Revitalização no mesmo. Começara a se desesperar por não conseguir faze-lo voltar a si. Algumas tentativas mais tarde, porém, Thor reagiu, reabrindo os olhos e fazendo uma débil tentativa de se levantar, ao que fora impedido prontamente por Aneeliese. LeFay acendeu o fogo embaixo do caldeirão e pôs-se a trabalhar, misturando quantidades variadas dos conteúdos dos frascos no caldeirão que logo começara a borbulhar.

– Como foi que você escapou? Por que veio até aqui? – Perguntou Aneeliese, e, baixando a voz, acrescentou – E quem é esse seu amigo?

Elliot ouvira, mas preferiu fingir o contrário, se concentrando na poção, e Thor olhos para ambos parecendo aliviado, mas quando falou sua voz era fraca, o que preocupou Aneeliese.

– Topei com nosso caro amigo Gryffindor e acabamos tendo um desencontro. Mas percebi que minha Horcrux perdeu o duelo. Senti minha energia aumentar quando Gregory destruiu o corpo que fiz. – Falava mais para Elliot do que para Aneeliese, e este trocou com ele um olhar de estranha compreensão, que deixou a jovem aturdida, embora se esforçasse para não demonstrar. Sentia-se estranhamente deslocada entre os dois. LeFay, voltando sua atenção para a poção depois desse momento, comentou:
– Eu lhe avisei que os seus professores um dia lhe dariam dor de cabeça... Gregory Gamp sempre foi muito devoto à Igreja, e ele sempre desprezou sua gana de poder, embora ele mesmo também a tenha. Acho, e nunca estive tão esperançoso de estar enganado, que ele é mais um aliado da Ordem. – Aneeliese pareceu chocada com o que LeFay e Thor disseram. Ela sempre pensara que os Gryffindor e os Gamp fossem devotos das tradições bruxas de seus antepassados. Principalmente o jovem Gregory, seu ex-colega, por quem nutria grande apreço. Mas, depois de um tempo, ela se desfez da distração em que caíra ao ouvir mais uma vez a voz de Thor, animando-se por senti-la um pouco mais forte.
– Gamp assumirá o controle de Hogwarts. Ele me derrotou... Agora toda a Europa corre sério risco. Ela estará totalmente à mercê da Ordem dos Templários, se não agirmos rápido. – Ele tentou se levantar mais uma vez, mas essa nova tentativa o deixara pálido como os lençóis da cama em que convalescia. Elliot logo o forçou contra a cama e colocou em sua mão um cálice coma poção, que estava dourada e densa, semelhante à Felix Felicis, só que diferente em sua essência. Thor virou-a de um gole, e um afogueado escarlate tomou conta de seu rosto outrora lívido. Sentou-se imediatamente, olhando para o próprio corpo, agora ileso, e sorriu para os amigos que retribuíram brevemente.
– O que faremos Thor? Hogwarts é a única escola bruxa da Europa, e tem bruxos extraordinários trabalhando lá! Se for mesmo verdade que a escola está nas mãos da Ordem, quem somos nós para resistir a tal poder? – Tornou Aneeliese, quase desesperada.
– Somos os mais poderosos bruxos conhecidos na Europa, e não estamos sozinhos. Quem disse que só existem bruxos extraordinários na Inglaterra? – qualquer sinal da aparatação de Henry fora abafado pela vez de Aneeliese. Ela se virou para o recém-chegado e se surpreendeu, pois vira que ele não veio sozinho.

Uma mulher alta e curvilínea, que usava vestes longas de um preto tão denso que o céu noturno e estrelado às suas costas parecia ser cinza-chumbo. Sua capa, com um capuz que cobria seu rosto, era tão negra quanto as vestes dela. Um generoso decote mostrava seu busto avantajado e tão branco que causava um contraste praticamente impossível de não ser percebido. Ela se adiantou e tirou o capuz, mostrando seu belo rosto e seus cabelos, longos e lisos, vermelho-sangue, refulgentes à luz dos lampiões conjurados, acendidos e suspensos no ar por Henry logo depois de chegar.

– Sou Khristinne. Khristinne Middelhauve. Vim da Holanda à convite de Henry, meu amigo de longa data... – Sua voz era suave e melodiosa, porém levemente intimidante e estranhamente familiar, como seu rosto de olhos azuis e intensos e traços finos e delicados, mas, ainda assim, marcantes. Aneeliese e Thor não puderam deixar de notar sua nítida semelhança com uma das fundadoras de Hogwarts, Rovena Ravenclaw. Como se estivesse lendo a mente de ambos, Khristinne sorriu – Sim, sou descendente da grande Rovena. Neta, para ser mais exata. Nasci na Holanda por ser filha de um filho bastardo e abortado da minha querida avó. Mas ela me conhecia e gostava de mim... – acrescentou, ao notar as expressões dos que estavam presentes.
– Está bem, está bem! – exclamou Henry, interrompendo a história de Middelhauve. – Mas, se está pensando mesmo em fazer o que acho que está pensando, Thor, acho melhor começarmos agora.
Finalmente Thor conseguiu se levantar, andando de um lado para o outro por alguns minutos, em silêncio, e depois se dirigiu aos quatro outros ocupantes do quarto, que esperavam ansiosos, olhando-o.
Vamos ter que esperar o fim deste ano para recrutar tanto alguns professores de Hogwarts quanto para podermos trazer os alunos recém-formados para nosso lado, para que possam receber o devido treinamento que lhes é necessário, pois queremos que eles estejam aptos para lecionar nas novas escolas... As escolas de Beauxbatons e Durmstrang. – terminou de falar lançando um olhar indagativo a ambos.

Aneeliese e Henry se entreolharam brevemente, pasmos, e depôs se voltaram para Thor, assentindo solenemente.

“Ótimo. Elliot, Khristinne, espero que vocês auxiliem ambos a construir os castelos e a protegê-los de pretensos inimigos e invasores, certo? – ambos fizeram que sim com a cabeça. Sem conseguir suportar a curiosidade, Aneeliese se virara novamente para Thor.

– E aonde VOCÊ vai? – perguntou, quase aflita com a resposta que esperava. E ele a respondeu quase imediatamente.
– Voltarei à Londres escondido. Sei que eles me esperam lá – acrescentou depressa para conter o protesto de Aneeliese – Mas tenho mais aliados lá do que eles pensam que tenho. A minha sorte é que tenho bons amigos. Agora, vamos ao que interessa. Henry e Khristinne, ergam o castelo na ilha-cemitério de Volkando, pois lá é um lugar protegido de trouxas por natureza, e teremos de fazer ele ser protegido de bruxos também. Aneeliese e Elliot – continuou, se virando para os dois. – Vão para o sul da França. Lá é praticamente inabitado. Será fácil para construir um palácio lá.protejam-no com tudo o que forem capazes, principalmente você, Aneeliese. Se tudo der certo, creio que estaremos novamente juntos dentro de um ano. Até lá, manteremos contato via corvos, pois são menos propensos a ser capturados, ouso dizer que sequer tocarão em um corvo. Enfim, boa sorte a todos e...
Espere aí, Thor! – exclamou Aneeliese – Porque este castelo não pode ser usado como escola?
– Porque a Ordem já conhece sua localização, e mesmo que o ocultássemos, os bruxos do lado deles desfariam os feitiços e avançariam. Enfim, boa sorte. – dizendo isso, pulou pelo buraco que antes era a janela do quarto, e que fora protegida com uma magia de sua própria autoria, e, no ar, desaparatou. Em seguida, ainda chocados com o que Thor dissera quando ainda presente, Henry e Khristinne também desaparataram. Aneeliese, ainda irritada com o fato de não poder continuar no castelo de seus pais, viu Elliot, sorrindo, estender-lhe a mão, que a segurou segundos antes de desaparatarem.

Há muitos quilômetros dali, duas filas de pessoas, como uma procissão se formava na entrada de Hogsmeade e se estendiam até os portões que ladeavam Hogwarts. No centro da multidão alvirrubra segurando archotes e iluminando a trilha, caminhava imperiosamente o Alto Pontífice da Ordem dos Templários, e a cada passo deles, as pessoas à sua volta se ajoelhavam, com as cabeças curvadas, num sinal de extremo respeito. Ao chegarem aos portões de Hogwarts, eles se abriram, embora não houvesse ninguém por perto para abri-la e sequer fora tocada. Todos que se postaram de joelhos quando o Alto Pontífice parou, ao verem o portão abrir-se sozinho, exclamaram assustados e deixaram rapidamente o local. Os sete membros do Alto pontífice, porém, não pareciam sequer remotamente surpresos. Entraram noite adentro pelos campos de Hogwarts, indo em direção ao castelo, seguindo a trilha deixada pelas carruagens. À porta do Saguão de Entrada, o Prof. Gamp os aguardava, e, ao chegarem, o mesmo os cumprimentou com uma profunda e solene reverência, retirando seu habitual chapéu cônico preto. Ao mesmo tempo, as portas do castelo se abriam às suas costas.
Todos entraram no Saguão e depois no Salão Principal, e dali para uma sala aos fundos do Salão, atrás da mesa dos professores. Gamp os deixou lá por alguns momentos para chamar os demais professores recém-nomeados como Diretores das Casas Sonserina e Corvinal, assim como o próprio Gamp fora nomeado Diretor.

Os membros do Alto pontífice usavam longas vestes negras com a cruz de malta, símbolo da Ordem, bordada em ouro tanto nas vestes quanto nas capas, igualmente negras e com capuz, ao que todos ainda usavam-nos ocultando os rostos. Do lado de fora dos domínios do castelo, a procissão fazia o caminho reverso, voltando à Hogsmeade para aguardar o retorno do grupo mais poderoso da Igreja à época, apagando gradativamente os archotes e tochas quando chegavam ao povoado iluminado, indo para as estalagens e pensões que existiam.
Fazia um frio de ventos cortantes na noite sem nuvens, estrelada e com a lua cheia aparente e inexplicavelmente mais iluminada e próxima da Terra do que o habitual. Dentro do castelo, porém, estava calidamente confortável, principalmente a sala aonde o Alto Pontífice e os Diretores iriam se reunir. Ela era suntuosamente decorada, pois fora decorada pelo próprio Salazar Slytherin, um dos mais ricos bruxos de sua época. A sala era espaçosa e com o teto alto e abobadado, com pinturas medievais que eram capazes de se mover, assim como os quadros pendurados por toda a escola. Haviam 12 cadeiras, 5 das quais ornamentadas com as cores das Casas (Uma verde e prata, da Sonserina; uma vermelha e dourada, da Grifinória; uma azul e bronze, de Corvinal ; uma preta e amarela, da Lufa-Lufa e uma belamente ornamentada com as 8 cores, do Diretor.), e também mais 6 cadeiras posicionadas para os convidados de honra, todas feitas de prata e com os acolchoamentos em veludo verde, extremamente confortáveis e um trono dourado com acolchoamentos azuis para o Papa, Sumo Pontífice, se acomodar devidamente. Essa sala, originalmente, era exclusiva dos Criadores de Hogwarts, mas, com o tempo e a descoberta do feitiço de quebra do lacre mágico da porta, fora utilizado como a Sala dos Diretores. Todas as cadeiras foram organizadas numa enorme mesa redonda, sendo que a ordem era a seguinte: o Diretor ficaria de frente para o Papa, que estaria de costas para a lareira. A partir da sua direita, ficariam 3 de seus conselheiros e os Diretores de Sonserina e Corvinal. À direita de Gamp ficariam os Diretores de Grifinória e Lufa-Lufa e os outros 3 Conselheiros do Alto pontífice.

Quando todos chegaram à sala, os membros do Alto Pontífice se sentaram primeiro e despiram as capas, colocando-as nos apoios para as costas das cadeiras. Haviam 4 homens e 3 mulheres, incluindo o Papa. O Sumo Pontífice era um homem alto, com cabelos e barbas extremamente brancos, mas ralos. Tinha os olhos verdes e uma expressão ao mesmo tempo dura e bondosa, embora fosse apenas uma expressão. Seu coração era tomado por um ódio frio por ter sido um bruxo abortado. Mas a ocasião pediria medidas drásticas, e nada melhor do que se aliar com o único lugar que pode formar um exército de bruxos para seus propósitos. À sua direita imediata, encontrava-se um homem muito semelhante à ele, a quem o Papa Lúcio III chamava de sobrinho, era um competente bruxo. Seu nome era Eriel, e era o 1º e mais jovem do Conselho. À esquerda do Sumo Pontífice se encontrava uma mulher quase de sua idade, de nome Lavertè, os cabelos brancos arrumados em um apertado coque e seu rosto vazio de emoção. Seus olhos acinzentados pareciam pedras de gelo. Apesar das rugas em seu rosto, era uma bela mulher, embora sua aparência lhe desse uma aura intimidante. Ao seu lado, um homem de meia idade, muito musculoso, porém um pouco mais baixo que ela, chamado Savior. Seus olhos negros e brilhantes e sua barba castanha lhe denunciavam a natalidade bárbara, mas era de uma inteligência ímpar, sendo essencial na escolha da aliança com Hogwarts. À sua frente, encontrava-se uma mulher simplesmente deslumbrante. Seu rosto delicado e muito branco contrastava drasticamente com suas vestes negras, seus olhos de um azul bem claro, como o das águas cristalinas dos mares tropicais, eram cheios de vida e brilho, assim como sua pele sedosa e seus cabelos, de um vermelho-sangue flamejante que lhe chegavam à cintura fina. Sua altura era equiparável à de Lavertè, embora dois dedos mais baixa, talvez. Seus traços corporais delicados e curvilíneos chamavam a atenção de todos que colocavam seus olhos nela. Gregory Gamp mal respirava, tal exuberância e beleza da jovem. A Diretora de Corvinal, Herin, praticamente bufava de ódio ao ver a cena, pois era secretamente – mas nem tanto – apaixonada pelo agora Diretor. Também era bela, embora sua beleza fosse empanada pela da bela jovem cujo nome era Stelle Marie. Ao lado dela e de Savior, estavam irmãos gêmeos, ambos negros e altos, nascidos no Egito, de nome Ahkel e Hansin, eram os únicos negros de toda a Hierarquia da Igreja. Os Diretores das Casas, Korklian, da grifinória, um homem muito magro e de aparência ágil e ardilosa, também era professor de Vôo. Queria ser diretor da Sonserina, mas o cargo foi ocupado pela professora de Defesa Contra as Artes das Trevas, Anne Lívina, que era conhecida por ter combatido ao lado de alguns dos descendentes dos Fundadores. Tinha uma aparência mais bruta por ser filha de guerreiros nórdicos. O Diretor da Lufa-Lufa era o Padre Arkinus Nirckumen, um homem diferente de todos lá presentes, por ser o único animago, e se transformava em uma coruja. Usava óculos redondos e tinha um temperamento calmo. Quando todos se sentaram, Gamp olhou para a janela, anunciando:


– Peço à vocês silêncio para podermos começar o motivo desta reunião.

Capítulo 3


À medida que Andrey avançava, seus seguidores tiravam seus capuzes E mostravam os rostos brancos sem vida, os olhos brancos, cegos e toldados, como teias de aranha. Quatro inferi estavam seguindo um Andrey muito diferente do normal, carinhoso e bondoso. Todos apontavam para ela. Seu coração acelerava cada vez mais, a mão trêmula segurando a frágil varinha, incapaz de se mexer, tal o choque da repentina aparição.

–  Assustada por me ver, meu amor? – Perguntou cinicamente para Aneeliese, e um sorriso particularmente sem alegria crispou sua boca agora roxa. Ele avançava cada vez mais, e seus seguidores começaram a fazer o mesmo, chegando em frente à Aneeliese, formando um círculo, fechando-a.  – Não quer mais a companhia do seu namorado?
–  Meu namorado não é você! Você não é nem a sombra do que ele foi! – Gritou a garota, impressionantemente alto, para o homem à sua frente. Logo após, cuspiu em sua face ao mesmo tempo em que, com a varinha erguida, rugia – INCENDIO!!!!

Um grande anel de fogo circundou todos os 6 e fez os seguidores de Andrey se desesperarem, sem ousar chegar perto do calor e da luz do anel de fogo, desorientados, largaram as varinhas e se dirigiram para uma saída recém-aberta, agradecidos. Mal a saída tinha sido feita, o fogo se rompeu e se extinguiu. No lugar dele, um enorme lagarto, semelhante a um crocodilo, ameaçou um ataque a Aneeliese, que se desviou e o transformou em pó. Andrey já levantava a varinha novamente quando a garota, no chão, apontou para o céu, berrando “Accio espada!” e vendo uma grande espada de ferro fundido passar à centímetros da cabeça de seu ex e cravar-se no chão ao seu lado. Olhando da espada para Aneeliese, Andrey soltou um berro de fúria e avançou, berrando feitiços dos mais variados. A pequena nada podia fazer senão esquivar e se defender, incapaz de contra atacar. Eis que, depois de um gesto complicado da varinha do bruxo, um frio anormal tomou conta do ambiente. Lembranças dos corpos de seus pais no caixão fizeram Aneeliese cair ao chão, encolhida.

Enquanto isso, em Hogwarts, o duplo de Thor duelava com Gamp, sem muito esforço, mas resolvendo não atacar. Jatos de luz de variadas cores perpassavam perto de seu corpo, incapazes de atingi-lo. Os dois pareciam estar se divertindo, e, embora fosse um duelo disputado, ambos sorriam. De repente, incomodado por uma estranha dor no braço direito, Gregory fez seu sorriso se tornar um esgar de desagrado – Alguma coisa saíra aquém do plano estabelecido. Olhando do braço para Gaterbrooks, resolveu que era hora de resolver de uma vez por todas a questão levantada.

Em um único lampejo intenso, metade da passarela de duelo explodiu e a sala chocalhou cada vez mais com tamanha potência dos feitiços de ambos. Um jato de luz violeta passou a centímetros de Thor, forçando-o a pular para o lado oposto e perder o Gamp de vista, o que foi suficiente para desarmá-lo.

Neste mesmo tempo, na ilha distante à noroeste da Europa, As trevas já haviam tomado completamente o local, deixando-o na mais absoluta escuridão, exceto por alguns lampejos de luzes coloridas em seu centro absoluto. Henry se deslocava como se conhecesse cada centímetro do local, como se estivesse iluminado. Seus adversários, porém, tiveram menos sorte com o reconhecimento do local de batalha, embora também estivessem à vontade no local. 


–  Você sabe que eu nasci aqui, não é, Slytherin? Como ousa invadir o local de descanso de meus antepassados? Pisar na terra sagrada onde o sangue deles foi derramado pelo mesmo grupo que lhe oferece bens? Sabes que aqui também será seu túmulo, não!?
–  Não se faça de capaz, Durmstrang. Sei que tenho tanto poder quanto você. Tens certeza de que serei eu a descansar junto aos seus parentes? Eu tenho uma crença diferente... E que vai conhecer agora! – E, com um aceno de varinha, uma ofuscante luz branca vinda do céu, cheia de ramificações, como um raio, cai à milímetros de onde estava Henry. Quase ao mesmo tempo, o chão fendeu e se abriu, mostrado a lava em seu fundo. Aproveitando-as, Slytherin as jogou em cima de Durmstrang, que apenas se desviou a transformou a onda de magma em uma de ferro retorcido e escuro, que voltou mansamente e tapou o buraco que havia sido aberto. Mal a cratera fora tapada, os comparsas de Slytherin avançaram, lançando feitiços atrás de feitiços, ao que Henry não conseguia deter todos e se viu obrigado a apelar para as táticas que estava evitando, gritando:
–  Diamond Clipeum! – No mesmo instante, uma enorme barreira transparente, porém grossa, se ergueu do chão, protegendo-o de todo e qualquer feitiço, ricocheteando-os para todas as direções possíveis. Impressionados, os três bruxos aliados de Slytherin recuaram, sendo mortos pelo próprio aliado com um único feitiço que lhes deram cortes fundos nas gargantas.
–  Vocês me servem melhor mortos mesmo... É o que sempre disse à Ordem.

Toryn Slytherin, o famoso herdeiro de Salazar, conhecido por sua queda pelas Artes das Trevas e por ser um mercenário de trouxas Inquisidores, trabalhava agora com a organização que odiava. "Tudo pelo dinheiro", disse ao se encontrar com o Grão Mestre da Ordem dos Templários para chefiar um grupo de caça aos monges fugitivos. E agora Slytherin estava sozinho contra seu velho inimigo, Henry Durmstrang, pessoa que sempre odiou por ter uma genialidade para as Artes das Trevas inigualável. Ele sabia que Durmstrang estava escrevendo um livro, e era de conhecimento, graças ao seu informante em Hogwarts, que este livro era bem mais perigoso que qualquer outra coisa já realizada. Vários jorros de luz paravam na parede transparente como se fossem feixes decorativos batendo num espelho. Furioso, Toryn golpeia o ar com brutalidade e um feixe denteado de luz roxa quebra a barreira, surpreendendo Henry. Enfurecido, Henry dispara jorros de luz de variadas cores também, que colidem com os feitiços de Toryn e explodem no centro absoluto entre eles, formando uma enorme cratera no chão. De repente, ambos param, e Toryn sorri, quase triunfante.

–  Chegou a hora de usar minha arma secreta... Agora vai entender porque eu preferi aqueles inúteis mortos. – Ele revirou os olhos, com um sorriso demente no rosto e apontou a varinha para o chão, berrando – METAMORTIS ERECTO!

No mesmo instante, os comparsas de Slytherin se levantaram, com os olhos brancos e toldados, e não foram só eles que levantaram. Várias mãos saiam da terra, inclusive uma que segurou Henry pelo pé e, ao levantar, guindou-o de cabeça para baixo. Quase perdendo a varinha, Henry olhou para o medonho esqueleto de um mestiço de homem e gigante. Três metros de altura, ossos extremamente largos e alguns ligamentos ainda visíveis no esqueleto, ele ergueu Durmstrang à altura dos orifícios do crânio onde deveriam estar os olhos.
Incrivelmente, Henry sorriu. Com um simples aceno de varinha, o esqueleto se desfez e ele caiu de pé no chão, apontando a varinha pros inúmeros mortos que o circundava, sorrindo calmamente. Sem entender, seu adversário o olhou quase descrente.

–  Você não vai sair dessa, Henry! Veja o exército que tenho em meu poder! – Toryn ria-se abertamente diante de Henry, que apenas contemplava-o calmamente. Não gostando dessa calma, Slytherin urra para seus mortos “ATAQUEM!”.
–  Acho que os Slytherin nunca aprendem com os erros? Seu irmão me fez a mesma coisa... E ele está enterrado aqui. E agora você vai entender o porque dele ter morrido aqui com o mesmo exército que você conjurou. – Enquanto falava, Henry erguia a varinha ameaçadoramente – Agora vais conhecer o meu feitiço mais prodigioso e que certamente nenhum outro bruxo jamais vai ousar usa-lo. CALVARIAE ERECTUS!!!

Não só um exército, mas um cemitério inteiro se ergueu junto com os mortos; duas catedrais, vários mausoléus, túmulos a perder de vista na vasta ilha abandonada. De todos os lados visíveis haviam mortos andando na direção de Henry, alguns apenas esqueletos, outros em prematura fase de decomposição. Todos de braços erguidos e punhos fechados, os que ainda tinham rostos abriam um sorriso debochado, alguns sem dentes.Todos pararam formando um círculo bem atrás de Henry, que também havia arrebanhado os mortos que tinham sido chamados por Toryn. O homem ficou extremamente assustado com as construções subindo à tona e se erguendo, gigantescas e intocadas, mas de aspecto abandonado e sombrio, em todos os lados. Para o, se é que fosse possível, seu maior terror, Henry ordenou “MATEM-NO!” e centenas de braços o engolfaram e o sufocaram. Depois de alguns minutos berrando feitiços aos mortos, Toryn se rendeu aos números, e nada pôde fazer senão escolher pela morte. Os mortos acabaram com o último homem com Slytherin no nome, extinguindo, assim, este nome. A risada de Henry foi demente, desprovida de qualquer alegria, uma risada maligna, e, olhando para um cadáver, mandou-o se aproximar. Lá estava Reagan Slytherin, irmão mais velho de Toryn, em avançado estado de decomposição. 


–  Leve seu irmão para próximo de seu túmulo, ele ainda me será útil. – Com um aceno de cabeça, o morto se virou e pegou o corpo do irmão pela cintura, erguendo-o e levando nos ombros para seu túmulo. Todos os mortos foram se recolhendo também, assim como o cemitério mergulhava na terra fofa da ilha.

Bem distante dali, na França, Aneeliese sofria com suas lembranças reprimidas, como se nunca mais fosse feliz. Caída no chão, segurava com força a cabeça e, quando teve coragem, olhou pra cima e deu um grito sufocado ao ver o ser que se aproximava dela. Parecia ter 3 metros de altura e flutuava a uns 30 centímetros do chão, as mãos e braços pútridos e cheios de feridas, o rosto escondido por um capuz e suas vestes rodopiavam pelo corpo esquelético, esfarrapadas e encardidas. Aquele era o primeiro dementador que Aneeliese via na sua frente. Já ouvira sobre eles por causa de Henry e Thor, mas achava que era uma lenda idiota que eles inventaram pra causar terror na população. Eles haviam dito como se proteger de um também, mas ela não lembrava o feitiço... A desesperança estava cada vez maior, e Aneeliese estava quase entregando os pontos quando o dementador agarrou-a pelo pescoço e puxou o capuz com a mão livre, mostrando um rosto sem olhos, com uma única fenda onde deveria ser a boca, que se escancarou e mostrou dentes pontiagudos. Neste momento, do rombo feito da janela, um clarão prateado irrompeu, tomando a forma de um coelho e indo a direção do dementador, que recuou e se fundiu com as sombras. O coelho deu uma volta completa pelo quarto e desapareceu aos pés do seu dono.

Ali parado se encontrava nada menos que Elliot, tetraneto do maior mago de todos os tempos, Merlim. Ele avançou deliberadamente na direção de Andrey, atirando feitiços no mesmo como se fossem balas de canhão, enquanto ele, atônito, mal conseguia se defender. Percebendo a subida virada na realidade da batalha, Aneeliese se sente revigorada e inicia ao lado de Elliot um ataque fulminante à seu ex-namorado. A fúria era perceptível nos olhos claros da moça, e sua mão agitava o ar juntamente com a força dos seus feitiços que, unidos com os de seu novo aliado, faziam de Andrey apenas pó.

Depois de Andrey ser eliminado, Aneeliese se senta, enxugando o suor da testa com a manga das vestes, ainda pálida pelo que acontecera com o dementador. Elliot se sentou ao seu lado e lhe ofereceu um pedaço de um doce marrom, que Aneeliese nunca vira nem provara nada igual, e que viria a ser conhecido séculos depois como o doce mais viciante conhecido pelo homem: o chocolate. Agradecida com tal gesto, ela devorou o doce com entusiasmo enquanto o outro apenas assistia com um ar de divertimento. Quando a moça acabou, se virou para ele, curiosa, e desatou a falar:

–  Como chegou até aqui? Como soube que eu estava em perigo? Quem é você? Que doce é esse que me deu? O que diabos você fez para espantar aquele dementador e...
No mesmo momento, Elliot se levantou e ergueu a mão, silenciando-a como por mágica.
–  Eu cheguei até aqui por magia e por um pedido de Thor, um amigo de velha data. Eu sou Elliot LeFay, tetraneto de Merlin e de Morgana, os magos mais poderosos de que já se tiveram notícias. O doce que te dei se chama chocolate, e é um ótimo revitalizador. A magia que invoquei se chama Patrono, em homenagem à meu tetravô, Patrono da Magia, como dizem os britânicos da Nova Ordem dos Magos Medievais. Depois te ensino isso e mais coisas sobre a Nobre Arte da Magia Defensiva.

Impressionada com as palavras do jovem que parecia ser pouco mais velho que ela, e estava usando vestes verde-esmeralda e prata, na qual Aneeliese logo reparou o símbolo de Salazar Slytherin. Sabia que a família de Merlin estuda lá desde que o mesmo foi inscrito, sendo um dos primeiros alunos da casa de Salazar. A moça se levantou também e o abraçou em agradecimento. Aturdido, Elliot retribuiu o abraço.

Milhares de quilômetros dali, Thor desencadeava sua luta magistral contra o mais velho herdeiro vivo de Godric Gryffindor, Alexsander Gryffindor Von Kirsten. O homem, de aproximadamente 2 metros de altura, bastante musculoso - embora as vestes pudessem esconder parte de seu corpo, as mangas estavam perigosamente tencionadas, quase rasgando – tinha cabelos e barba brancos, e devia sua musculatura avantajada por ter sido criado por um grupo de Bárbaros que, à época, lutavam nas Cruzadas. Mesmo assim, aprendeu magia com seus antepassados, inclusive o próprio Godric, que lhe deu sua primeira varinha. Alexsander unia sua força física com seus conhecimentos mágicos, tornando-se praticamente invulnerável. Mas Thor conhecia sua única fraqueza, e sabia como usá-la.

Quando Thor percebeu quem era seu adversário, sorriu de canto, confiante, e começou a derrubar os aliados do mesmo, um a um, apenas acenando a varinha, sem dizer uma só palavra. Todos os subordinados de Alexsander caíram mortos, mas ele apenas sorriu, olhando seu adversário nos olhos. Quando Thor fez menção de apontar a varinha para ele, ao invés de atacar teve de se defender do feitiço extraordinariamente rápido que Alexsander fez. Começara ali o maior embate da história da Suíça, um duelo que seria lembrado até o duelo de Grindelwald e Dumbledore, e, posteriormente, o duelo entre Voldemort e Potter.
Os jorros de luz sempre se encontravam, e as explosões conseqüentes eram cada vez mais destrutivas. Por vezes, jorros de luzes verdes e vermelhas faziam o vale inteiro se iluminar, e o castelo brilhar sombriamente por trás de Thor, que se movia com incrível velocidade, mas não parecia ser páreo para Alexsander, que se mantinha parado e sorrindo, sem mover nada a não ser a mão da varinha.

Enquanto isso, em Hogwarts, a Horcrux desviava-se dos feitiços de Gregory, que avançava sorrindo, até que o diretor se vira encurralado, ofegante, mas sorrindo.

–  Muito bem, meu caro rapaz... Pode acabar comigo. – Thor sorria calmamente, ainda ofegante.
–  O que foi, Gaterbrooks? Cansou-se? – Com um aceno da varinha, Thor fora desarmado, e recuara vencido. Um último relance para o espelho e um sorriso se espalhou, e a maldição do seu adversário atingiu-o no peito. O fragmento de alma voltou para o espelho e lá ficou, para a extrema curiosidade de Gamp, que resolveu tocar no mesmo. Ao notar que conseguira, o triunfo enchera a face magra do rapaz por um breve segundo, logo depois reparou que sua mão estava escurecendo, vítima de uma maldição que o Thor verdadeiro criara com ajuda de Henry. Aos poucos, Gamp se decompunha, e o mesmo, desesperado, correu para a sala dos professores, onde o professor de poções à época, Orion Despard, conseguiu executar um contra-feitiço temporário, mas que custaria o braço de Gregory.


Depois da derrota de sua Horcrux, o poder que gastara com o corpo dela já estava sendo utilizado no duelo, o que o equiparou. Agora ambos não se moviam. Mas, alguns momentos depois, ambos começaram a aparatar e desaparatar, tentando se atingirem pelas costas. Agora os feitiços se chocavam com menor freqüência, mas as explosões resultantes sacudiam os vidros das janelas do castelo. A violência do duelo era tal que, quando ambos pararam de aparatar, o chão esquentou e fendeu, formando uma pequena cratera no centro absoluto entre ambos. O ar ao redor também esquentou e estava revolto, formando pequenos tornados. O céu escurecera e raios contornavam as nuvens negras, produzindo um efeito hipnotizante e, ao mesmo tempo, aterrorizador. Ambos estavam se empenhando ao máximo, mas, em um momento, Thor fora atingido, cambaleando para trás, o peito chamuscando e sangrando. Alexsander riu, e sua risada ecoou no vale como gralhas a serem assustadas. A risada, porém, durou pouco, pois Thor se recompusera e, com um último aceno de varinha, fez Gryffindor voar para a ponta leste do vale, sendo encravado em uma pedra afiada na entrada de uma caverna na maior das montanhas que cobriam o vale suíço. Thor, unindo todas suas forças, se concentrou em ir ao sul da França, desaparatando.

Capítulo 2


Ao aparatar no castelo dos Durmstrang, Henry arfou, exausto pela batalha e deitado no chão. Levantou-se e foi ao hall, de onde ouvira as vozes agitadas de Thor e Aneeliese. Cambaleou até eles e disse, atônito:

– Eles estão usando inferi...
– Não é possível, como eles sabem esse feitiço? Como eles sabem fazer feitiços? – Perguntou Aneeliese, cada vez mais apavorada, as lágrimas ainda caindo de seus olhos para seu belo rosto.
Eu não sei como, mas eles estão usando... E seu pai foi a primeira vítima. Ele é a arma secreta. Seu namorado também está do lado deles, pois nenhum outro bruxo além de nós 4 sabia do feitiço para invocar Inferis.

Ainda que parecesse impossível, Aneeliese empalideceu ainda mais, desmontando em uma cadeira prontamente conjurada por Thor, que já corria a acordá-la com um feitiço. Acordada, ofegante, se segurou nas vestes de Thor, com um olhar súplice e amargurado:

Por favor, Thor, diz pra mim que isso é um pesadelo... Meu próprio namorado, traindo minha confiança, a nossa aliança, para se juntar à Ordem! Logo quem nos quer mortos! E ele ainda ousou usar meu p-pai... Como m-marionete...-- gaguejou as palavras antes de cair novamente no choro. Thor apenas a abraçou, calado. Henry, por sua vez, andava de um lado a outro do hall, pensativo.
Teremos que nos separar, talvez por anos. Teremos que fazer com que eles nos esqueçam. Vamos ter de ir para a clandestinidade total. E dessa vez, sem volta. Vamos proteger nossas famílias e, depois, ir para o exterior, onde nascemos.
Mas eu nasci aqui! – protestou Aneeliese.
Então vá para o sul da França. Lá terá ajuda de aliados nossos.
Isso é um adeus, então? – Perguntou a bruxa, já começando a chorar.
Por enquanto, sim. Mas logo iremos nos ver. – Sorriu, confiante, Thor.

Aneeliese abraçou os dois, e, chorando copiosamente, desaparatou para o sul da França. Durmstrang deu um abraço amistoso em Thor e seguiu para um objeto que tinha acabado de transformar em Chave de Portal, e sumiu para a sua terra natal. Thor, por sua vez, foi até a lareira da sala e, pegando um pó que havia inventado, jogou-o no fogo recém-aceso, que ficou verde-esmeralda. O bruxo, espantosamente, entrou nas chamas como se nada pudessem lhe fazer, e gritou sem rodeios: “HOGWARTS!”.

Quase no mesmo instante, ele aterrissou na lareira de sua sala, olhando o local. Voltou à sua escrivaninha e começou escrever num pergaminho, fixamente atento ao mesmo. Depois do que lhe pareceu horas, Thor se levantou e foi até a janela,e, ao ver o céu tempestuoso, pensou em seus amigos. Nada soube depois da partida deles até que...
Uma luz prateada e intensa surgira do nada, e vinha em sua direção, atravessando a janela fechada como se nada tivesse nela. A luz tomou a forma de um cisne e, ao abrir o bico, a voz melodiosa da Aneeliese saiu dele:

Eu estou bem, Thor. Levei Pietro comigo. Estamos a salvo. – Tão logo sobreveio, o cisne se dissipou no ar como uma espessa nuvem prata. Sem entender muito bem o ocorrido, o diretor de Hogwarts começou a andar de um lado a outro da sala circular, pensando. Salazar Slytherin, pendurado exatamente atrás da poltrona do diretor, acompanhava-o com uma expressão astuta no olhar: Como se soubesse o que o homem à sua frente pensava. Helga Hufflepuff descansava placidamente em seu quadro, e Rovenna Ravenclaw fazia o mesmo. O olhar de Godric Gryffindor, porém, ia de Slytherin à Gaterbrooks, com um ar de preocupado temor. Ao parar de andar, ele se virou para os quadros e sorriu melancolicamente.
Senhoras e senhores, eu agora me despeço de todos vocês, mas deixarei uma pequena parcela de minha alma aqui. Peço que a considerem como sempre consideraram quando era inteira, e, por favor, não me julguem pelo ato que fiz hoje, mas sim pelo que farei no futuro. Os senhores sairão daqui, mas eu não. Meu quadro ainda pertencerá à Hogwarts e, uma vez que eu morrer, esta parte de alma que ficou aqui também irá. – Ele se virou e, olhando para um magnífico espelho, da altura do teto, com uma moldura de talha dourada, aprumado sobre dois pés de garra, que estava ao lado da porta, com os dizeres Oãça rocu esme ojesed osamo tso rueso ortso moãn. Ele se viu numa terra distante, com inúmeros bruxos e bruxas o aclamando. Sorriu para a imagem e se virou. Empunhou a varinha e se virou novamente,e, no espelho, se refletiu apenas um outro Thor acenando para os quadros. Com um aceno de varinha do verdadeiro, sua réplica saiu do espelho como se a superfície lisa dele fosse apenas água. 

Ele olhou para tudo ao redor, e, com um sorriso confiante, olhou para seu “original”, dizendo:


A escola está em boas mãos. Vá. Faça o que sempre quis fazer. Recrute seus jovens para a liberdade! Eu cuidarei do resto.
A única diferença entre mim e os outros bruxos – disse o Thor verdadeiro – É que eu sei realizar meus desejos – terminou a frase dando uma piscada para o espelho, que não refletia nada além dos duplos.

“Foi a melhor invenção que eu já pensei em fazer...” refletiu antes de sair lentamente da sua “antiga” sala. Saiu dela sem fazer ruídos e, ao virar o primeiro corredor, sentiu uma espécie de calafrio estranho e virou a cabeça, constatando que não havia ninguém lá. Subiu até a torre do corujal e lá empunhou a varinha. Com um gesto displicente dela, uma vassoura voou rasante até chegar nele e pousar ao seu lado. Thor a segurou e montou nela, dando um grande impulso e disparando em direção aos limites dos terrenos de Hogwarts. Logo em seguida, lançou em si mesmo e na vassoura um feitiço que ele mesmo inventara, cujo efeito era se mesclar com o ambiente em que se encontrava, se tornando invisível. Não tinha um nome para este feitiço, mas era muito conveniente quando precisava ver, por exemplo, onde ia Aneeliese quando eles brigavam. Enquanto voava, murmurava contra feitiços para refrear os que ali estavam. A vassoura vibrou agourentamente enquanto ele fazia complicados movimentos com as duas mãos, se segurando apenas com as pernas. Do gabinete, seu duplo murmurava novamente os encantamentos para restabelecer a proteção e garantir que ninguém notasse.

Porém, no alto da torre de Astronomia, Gregory Ousborn Gamp, filho do bruxo criador da Lei sobre Transfiguração Elementar, Ernest Leon Gamp e atual professor de Transfiguração, além de Diretor da Corvinal, presenciava as mudanças repentinas nas defesas da escola. Desceu correndo as escadas e foi direto à sala do diretor, onde disse a senha, subiu as escadas em caracol e entrou sem bater. A duplicata de Thor estava escrevendo à sua mesa, quando levantou calmamente o rosto para olhar o homem já de certa idade, os cabelos rareando, mas com os olhos intensamente verdes fixos nos seus olhos negros e sem brilho.

O que aconteceu com as defesas da escola? Por que elas foram tiradas e repostas quase no mesmo instante? Quem saiu daqui sem querer ser notado, professor Gaterbrooks? – Falava com certa indignação na voz, e acrescentou, exasperado – Onde estão os outros Diretores das Casas que não perceberam isso? Pensei que a professora Bourbon e o professor Durmstrang fossem amigos do senhor, não?
O senhor faz perguntas demais, professor Gamp. Isso me desagrada. – Disse Thor se levantando.

O feitiço de Gamp foi tão rápido que os retratos, que assistiam à conversa atônitos, mal conseguiram ver a mão do professor se mover. O feitiço escudo de Thor teve igual velocidade. Ali começou um duelo cruel.

Enquanto isso, já na Suíça, Thor verdadeiro desce uma íngreme montanha para um grande vale, que escondia um castelo de dimensões semelhantes à de Hogwarts. Porém, ao chegar ao pé da montanha, é recebido com vários jorros de luz branca. Desviando-se de todos, vê 4 homens encapuzados à sua espera, as varinhas apontadas para seu rosto.

Ao mesmo tempo, Henry viajava em um barco para uma grande ilha no meio de um lago que mais parecia parte do oceano, de tão vastas suas águas lisas e calmas. Ao chegar na ilha, porém, também encontra 4 homens encapuzados.

Aneeliese, por sua vez, chega ao seu castelo no sul da França e lança todo e qualquer tipo de feitiço defensivo existente. Porém, o que ela fizera nada foi além de uma armadilha para ela mesma. Andrey aparece às suas costas, os olhos vermelhos de pupilas dilatadas, parecendo menos humano a cada passo que dava em direção à mesma.