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27 de fev. de 2014

Capítulo 2


Ao aparatar no castelo dos Durmstrang, Henry arfou, exausto pela batalha e deitado no chão. Levantou-se e foi ao hall, de onde ouvira as vozes agitadas de Thor e Aneeliese. Cambaleou até eles e disse, atônito:

– Eles estão usando inferi...
– Não é possível, como eles sabem esse feitiço? Como eles sabem fazer feitiços? – Perguntou Aneeliese, cada vez mais apavorada, as lágrimas ainda caindo de seus olhos para seu belo rosto.
Eu não sei como, mas eles estão usando... E seu pai foi a primeira vítima. Ele é a arma secreta. Seu namorado também está do lado deles, pois nenhum outro bruxo além de nós 4 sabia do feitiço para invocar Inferis.

Ainda que parecesse impossível, Aneeliese empalideceu ainda mais, desmontando em uma cadeira prontamente conjurada por Thor, que já corria a acordá-la com um feitiço. Acordada, ofegante, se segurou nas vestes de Thor, com um olhar súplice e amargurado:

Por favor, Thor, diz pra mim que isso é um pesadelo... Meu próprio namorado, traindo minha confiança, a nossa aliança, para se juntar à Ordem! Logo quem nos quer mortos! E ele ainda ousou usar meu p-pai... Como m-marionete...-- gaguejou as palavras antes de cair novamente no choro. Thor apenas a abraçou, calado. Henry, por sua vez, andava de um lado a outro do hall, pensativo.
Teremos que nos separar, talvez por anos. Teremos que fazer com que eles nos esqueçam. Vamos ter de ir para a clandestinidade total. E dessa vez, sem volta. Vamos proteger nossas famílias e, depois, ir para o exterior, onde nascemos.
Mas eu nasci aqui! – protestou Aneeliese.
Então vá para o sul da França. Lá terá ajuda de aliados nossos.
Isso é um adeus, então? – Perguntou a bruxa, já começando a chorar.
Por enquanto, sim. Mas logo iremos nos ver. – Sorriu, confiante, Thor.

Aneeliese abraçou os dois, e, chorando copiosamente, desaparatou para o sul da França. Durmstrang deu um abraço amistoso em Thor e seguiu para um objeto que tinha acabado de transformar em Chave de Portal, e sumiu para a sua terra natal. Thor, por sua vez, foi até a lareira da sala e, pegando um pó que havia inventado, jogou-o no fogo recém-aceso, que ficou verde-esmeralda. O bruxo, espantosamente, entrou nas chamas como se nada pudessem lhe fazer, e gritou sem rodeios: “HOGWARTS!”.

Quase no mesmo instante, ele aterrissou na lareira de sua sala, olhando o local. Voltou à sua escrivaninha e começou escrever num pergaminho, fixamente atento ao mesmo. Depois do que lhe pareceu horas, Thor se levantou e foi até a janela,e, ao ver o céu tempestuoso, pensou em seus amigos. Nada soube depois da partida deles até que...
Uma luz prateada e intensa surgira do nada, e vinha em sua direção, atravessando a janela fechada como se nada tivesse nela. A luz tomou a forma de um cisne e, ao abrir o bico, a voz melodiosa da Aneeliese saiu dele:

Eu estou bem, Thor. Levei Pietro comigo. Estamos a salvo. – Tão logo sobreveio, o cisne se dissipou no ar como uma espessa nuvem prata. Sem entender muito bem o ocorrido, o diretor de Hogwarts começou a andar de um lado a outro da sala circular, pensando. Salazar Slytherin, pendurado exatamente atrás da poltrona do diretor, acompanhava-o com uma expressão astuta no olhar: Como se soubesse o que o homem à sua frente pensava. Helga Hufflepuff descansava placidamente em seu quadro, e Rovenna Ravenclaw fazia o mesmo. O olhar de Godric Gryffindor, porém, ia de Slytherin à Gaterbrooks, com um ar de preocupado temor. Ao parar de andar, ele se virou para os quadros e sorriu melancolicamente.
Senhoras e senhores, eu agora me despeço de todos vocês, mas deixarei uma pequena parcela de minha alma aqui. Peço que a considerem como sempre consideraram quando era inteira, e, por favor, não me julguem pelo ato que fiz hoje, mas sim pelo que farei no futuro. Os senhores sairão daqui, mas eu não. Meu quadro ainda pertencerá à Hogwarts e, uma vez que eu morrer, esta parte de alma que ficou aqui também irá. – Ele se virou e, olhando para um magnífico espelho, da altura do teto, com uma moldura de talha dourada, aprumado sobre dois pés de garra, que estava ao lado da porta, com os dizeres Oãça rocu esme ojesed osamo tso rueso ortso moãn. Ele se viu numa terra distante, com inúmeros bruxos e bruxas o aclamando. Sorriu para a imagem e se virou. Empunhou a varinha e se virou novamente,e, no espelho, se refletiu apenas um outro Thor acenando para os quadros. Com um aceno de varinha do verdadeiro, sua réplica saiu do espelho como se a superfície lisa dele fosse apenas água. 

Ele olhou para tudo ao redor, e, com um sorriso confiante, olhou para seu “original”, dizendo:


A escola está em boas mãos. Vá. Faça o que sempre quis fazer. Recrute seus jovens para a liberdade! Eu cuidarei do resto.
A única diferença entre mim e os outros bruxos – disse o Thor verdadeiro – É que eu sei realizar meus desejos – terminou a frase dando uma piscada para o espelho, que não refletia nada além dos duplos.

“Foi a melhor invenção que eu já pensei em fazer...” refletiu antes de sair lentamente da sua “antiga” sala. Saiu dela sem fazer ruídos e, ao virar o primeiro corredor, sentiu uma espécie de calafrio estranho e virou a cabeça, constatando que não havia ninguém lá. Subiu até a torre do corujal e lá empunhou a varinha. Com um gesto displicente dela, uma vassoura voou rasante até chegar nele e pousar ao seu lado. Thor a segurou e montou nela, dando um grande impulso e disparando em direção aos limites dos terrenos de Hogwarts. Logo em seguida, lançou em si mesmo e na vassoura um feitiço que ele mesmo inventara, cujo efeito era se mesclar com o ambiente em que se encontrava, se tornando invisível. Não tinha um nome para este feitiço, mas era muito conveniente quando precisava ver, por exemplo, onde ia Aneeliese quando eles brigavam. Enquanto voava, murmurava contra feitiços para refrear os que ali estavam. A vassoura vibrou agourentamente enquanto ele fazia complicados movimentos com as duas mãos, se segurando apenas com as pernas. Do gabinete, seu duplo murmurava novamente os encantamentos para restabelecer a proteção e garantir que ninguém notasse.

Porém, no alto da torre de Astronomia, Gregory Ousborn Gamp, filho do bruxo criador da Lei sobre Transfiguração Elementar, Ernest Leon Gamp e atual professor de Transfiguração, além de Diretor da Corvinal, presenciava as mudanças repentinas nas defesas da escola. Desceu correndo as escadas e foi direto à sala do diretor, onde disse a senha, subiu as escadas em caracol e entrou sem bater. A duplicata de Thor estava escrevendo à sua mesa, quando levantou calmamente o rosto para olhar o homem já de certa idade, os cabelos rareando, mas com os olhos intensamente verdes fixos nos seus olhos negros e sem brilho.

O que aconteceu com as defesas da escola? Por que elas foram tiradas e repostas quase no mesmo instante? Quem saiu daqui sem querer ser notado, professor Gaterbrooks? – Falava com certa indignação na voz, e acrescentou, exasperado – Onde estão os outros Diretores das Casas que não perceberam isso? Pensei que a professora Bourbon e o professor Durmstrang fossem amigos do senhor, não?
O senhor faz perguntas demais, professor Gamp. Isso me desagrada. – Disse Thor se levantando.

O feitiço de Gamp foi tão rápido que os retratos, que assistiam à conversa atônitos, mal conseguiram ver a mão do professor se mover. O feitiço escudo de Thor teve igual velocidade. Ali começou um duelo cruel.

Enquanto isso, já na Suíça, Thor verdadeiro desce uma íngreme montanha para um grande vale, que escondia um castelo de dimensões semelhantes à de Hogwarts. Porém, ao chegar ao pé da montanha, é recebido com vários jorros de luz branca. Desviando-se de todos, vê 4 homens encapuzados à sua espera, as varinhas apontadas para seu rosto.

Ao mesmo tempo, Henry viajava em um barco para uma grande ilha no meio de um lago que mais parecia parte do oceano, de tão vastas suas águas lisas e calmas. Ao chegar na ilha, porém, também encontra 4 homens encapuzados.

Aneeliese, por sua vez, chega ao seu castelo no sul da França e lança todo e qualquer tipo de feitiço defensivo existente. Porém, o que ela fizera nada foi além de uma armadilha para ela mesma. Andrey aparece às suas costas, os olhos vermelhos de pupilas dilatadas, parecendo menos humano a cada passo que dava em direção à mesma.